Yasmeen Ismail, autora de "Eu sou uma menina!", conversa com a gente hoje!
28 de Julho de 2020 às 14:00
Originalmente publicado no Blog da Brinque

Do que brincam meninos e meninas? Do que quiserem, claro! Imagem: Eu sou uma menina!, de Yasmeen Ismail
Eu sou menina!, recém-lançado no Brasil pela Brinque-Book, conta a história de uma garota que adora correr, pular, competir, se sujar, tocar, se aventurar. E, por isso, vive sendo confundida com um menino. Brinquedo tem gênero? Yasmeen diz que não. >>Se quiser, leia abaixo um texto sobre esse livro: https://blog.brinquebook.com.br/lancamentos/livro-eu-sou-uma-menina-mostra-que-nao-ha-limites-para-brincadeiras-e-infancia/ Por isso, resolveu escrever um livro gentil e amoroso, que mostrasse às crianças e aos adultos que brincar é livre, que não tem essa de "coisa de menino" ou "coisa de menina"; ao contrário, garotos e garotas precisam é de autoestima para se sentirem bem com quem são. Conversamos com ela, por e-mail, sobre essa obra, as experiências de infância que inspirou a história e como ela vê as crianças nos dias de hoje. Falamos também de rotina de trabalho, leitura...A pequena Yasmeen, que adorava brincar de espião com os amigos no verão. Imagem: Acervo pessoal
Para mim, criança é criança. Algumas delas são meninas, outras são meninos
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Yasmeen Ismail
Cresci ouvindo essas e outras histórias de situações em que alguém me dizia que "isso é coisa de menina ou isso é coisa de menino". Eu me frustrava. E não entendia porque as pessoas diziam essas coisas. Percebi que elas diziam isso porque alguém havia dito isso a elas, quando elas eram crianças, e elas simplesmente aceitaram. BB: Como você vê essa questão do brincar e dos gêneros, limitações que às vezes ainda colocamos? Yasmeen: Para mim, criança é criança. Algumas delas são meninas, outras são meninos; mas elas devem poder gostar de quem são, aproveitar mais que tudo; devem ser autorizadas a fazer, brincar e se vestir do que quiserem. Não gosto quando pessoas inventam regras que não fazem o menor sentido. É só um modo de tentar controlar. Crianças devem ser livres para serem quem são e serem felizes com isso. BB: Lendo uma entrevista que você concedeu ao jornal inglês The Guardian, da época em que lançou por lá Eu sou uma menina, a gente ficou com a impressão de que você teve muitas mulheres fortes como modelo em sua vida. Você acha que as meninas precisam desse tipo de modelo para sentir que podem ser e fazer o que quiserem; sentirem-se autorizadas a isso? Yasmeen: Tenho a sorte de ter tido uma mãe que era médica e que nunca pareceu "desigual". Ela era muito inteligente e trabalhou muito duro. A mãe dela foi uma arquiteta e também designer de interiores. Minha avó viveu em muitos países e falou muitas línguas (ela tem 100 anos agora!). Minha irmã e eu fomos para uma escola de garotas, que nunca questionou o que poderíamos ou não fazer. Era muito empoderador. Nunca senti que havia algo que os garotos podiam fazer e eu, não. Nunca senti que era menos do que um homem. --"Nós precisamos entender por que dizemos algumas coisas às crianças
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Yasmeen Ismail
Quando cresci e fui trabalhar no mundo real, fiquei chocada quando testemunhei e experimentei sexismo. Fiquei tão zangada e foi tão injusto. Mas não me importo de lutar pelo que eu acredito. Eu adoro! BB: Nessa mesma entrevista ao The Guardian, você conta como sua irmã era confundida com um menino por ser competitiva, assertiva, livre. Por que você quis escrever sobre isso? Yasmeen: Sempre pensei que nós precisamos entender porque dizemos algumas coisas às crianças. Quis empoderar as crianças, para elas serem quem são, sem sentirem vergonha ou pedirem desculpas por isso. Também quis [com o livro] que os pais entendam que não precisam repetir aos seus filhos tudo o que ouviram de seus próprios pais, que podem questionar suas crenças, quebrar padrões. Nunca tive grandes ideias sobre mudar o mundo, mas acredito que, se vou escrever para crianças, tenho uma grande responsabilidade de dar a elas uma mensagem positiva e amorosa. --"Devemos ouvir as crianças. Pode ser enriquecedor
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Yasmeen Ismail
BB: O livro Eu sou uma menina é divertido, luminoso, colorido, cheio de vida e um pouco "barulhento", como as crianças. De que forma você consegue se conectar com o imaginário infantil para criar uma obra como essa? Lembro-me como era ser criança e passo bastante tempo no meio delas hoje. Se converso com os pequenos com a mente aberta, ouvindo, é fácil se conectar. É sobre ouvir e não ficar falando e dizendo o tempo todo. Devemos ouvir as crianças. Pode ser esclarecedor. BB: E você? Do que brincava quando era crianças e quais eram seus brinquedos favoritos? Yasmeen: Gostava de bicicleta e de pôneis. De correr pelo campo e comer biscoitos. Minhas brincadeiras favoritas aconteciam no verão, quando meus amigos e eu corríamos por aí, brincávamos de esconde-esconde ou de espiões. Fingíamos que havia cachorros nos perseguindo e que estávamos construindo tocas e pistas de obstáculos. Também gostava de Lego; fazia várias coisas também com modelos de papelão.O mundo colorido da personagem de Ysmaeel é a infância vibrante. Imagem: Eu sou uma menina!, de Yasmeen Ismail
Primeiro ela escreve, depois rascunha a ilustra e, por último, pinta. Imagem: Eu sou uma menina!, de Yasmeen Ismail
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E você? Deixe nos comentários suas preferências brincantes!Este texto foi publicado originalmente no Blog da Brinque e estava hospedado no site da Brinque-Book. A editora Brinque-Book foi integrada ao Grupo Companhia das Letras em outubro de 2020 e a migração deste conteúdo para dentro do Blog da Letrinhas tem como objetivo somar conhecimentos, unificar os blogs e fortalecer a produção de conteúdo sobre literatura infantil, leitura e formação de leitores.