Livrarias infantis na pandemia: Casa de Livros

14/09/2020

A Casa de Livros é uma livraria familiar que está no mercado há 30 anos e é comandada por Ângela Aranha e suas filhas, Marcela e Andréa. Sempre realizaram feiras de livro em escolas, além de eventos na própria loja, e sua presença on-line antes da pandemia era escassa. Mas, logo no início da quarentena, esse cenário mudou, e o WhatsApp e o Instagram se tornaram os principais canais de contato com os clientes. Para Ângela, porém, “a internet não substitui o contato físico com o objeto livro em uma livraria. Você não forma um leitor – e essa é a nossa missão - com um clique, uma live, não dá para traduzir a experiência de ter o livro na mão. Nós acreditamos que se formam leitores quando se cria um vínculo afetivo, com um trabalho de mediação de leitura. Tem ainda o envolvimento da criança numa escolha livre que é dela. Isso é muito importante, a aproximação afetiva da criança com o livro – e isso não dá para substituir pela experiência na internet.”

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No começo

“Nós levamos um baita susto. Havia uma expectativa de que a coisa toda passasse logo, mas não sabemos muito como estamos superando o baque, porque a perda foi grande. No mês de abril, foi de mais de 90%. Nós sempre trabalhamos com escolas e feiras de livro, e conseguíamos manter um fluxo, mas, com a pandemia, fomos atrás de um público que é de varejo e tivemos muito apoio de alguns clientes. É um trabalho de formiga, que não chega ao volume de vendas que a gente tinha antes, apesar de ter melhorado. A situação é muito adversa, e nós fazemos isso porque acreditamos que cumprimos uma função social neste país, onde há tanto para se fazer pela educação, pela cultura, pela formação de leitores críticos.”

Cuidado e lembrança

“As nossas ações nas redes sociais eram bem esporádicas, três posts por semana em redes sociais, um convite, uma indicação, um vídeo. Com a pandemia, isso aumentou muito. Como estava todo mundo em casa, a gente entendeu que deveria dar uma atenção para a criança e o cliente nesse momento, a gente não queria só vender livro. Há uma preocupação da loja, como sempre houve, com a criança de maneira integral, um cuidado de ouvir a criança para tentar formar o melhor leitor possível, então todo dia a gente postava um livro e uma atividade ou uma brincadeira. Às vezes é um trio de livros com o mesmo tema: já teve de irmãos, de mulheres, de homenagem a alguns autores que a gente gosta muito. Pela rede não é a mesma coisa, não tem a mesma proximidade, mas foi muito legal porque os clientes que aparecem na loja têm falado muito bem e pedido para continuar. A principal ideia era que eles não se esquecessem da gente, que vissem o post e pensassem na gente.”

Do bairro para as redes

“O nosso maior volume de vendas foi pelo WhatsApp, pelo Instagram e pelo Facebook, nessa ordem. O site vendeu muito pouco. Mas o serviço pelo WhatsApp é um meio de estar mais próximo dos clientes, e eles nos procuraram por esse canal. Então, o que a gente fazia era um atendimento pelo WhatsApp, com vídeos em que a gente mostrava os livros, contava um pouco da história, como se as pessoas estivessem na loja para escolher. Isso rendeu bastante retorno, a gente viu que os clientes compravam e voltavam para comprar de novo. Com isso, a gente alcançou clientes que não alcançava antes, e o movimento se espalhou para grupos de escola, grupos de condomínio etc. Criamos uma carteira de clientes que a gente não tinha antes. Também participamos de uma matéria do programa Pequenas Empresas Grandes Negócios em agosto e isso nos ajudou bastante, porque muitas pessoas que nunca tinham procurado a Casa de livros entraram em contato.”

Fim das feiras

“Então, tudo tem seu lado bom, mas de forma alguma nós chegamos à quantidade de vendas mensais de antes. No mês passado já estava um pouco mais próximo de alcançar o que a gente fazia na loja, mas, ainda assim, com uma baixa de 20% a 30% por cento do que se fazia antes. A gente perdeu todos os eventos da loja, que todo fim de semana recebia eventos, e as feiras de livro nas escolas, que aconteciam em média quinze por mês. Foi uma perda muito grande. Tentamos fazer encontros de alunos de escolas parceiras com autores pelo Zoom, oferecer livros autografados pelos autores, mas nada disso rendeu muito.”

A volta

“A reabertura está sendo complicada, porque a gente ainda não conseguiu trazer todo mundo de volta no horário normal da loja. As pessoas trabalham quatro horas por dia, de duas a três vezes por semana presencialmente, que também é uma forma de evitar o contágio. Os clientes têm diminuído a procura pelo WhatsApp e aparecido mais fisicamente na loja, mas também não é uma quantidade grande. Eu acredito que agora a gente ainda vai enfrentar uma recessão econômica, porque é muita gente desempregada. As vendas de adoção de escolas caíram demais; tem quatro ou cinco que continuaram o trabalho e nos ajudam muito.”

 

Whatsapp: (11) 98335-9260

Instagram: @casadelivros_livraria

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