A arte contemporânea feita de nuvens, ventos e sombras

29/05/2018

 

Quem nunca brincou quando criança de observar as nuvens, perseguir a própria sombra ou viajar observando o movimento das ondas do mar? Pois essas experiências de movimento fazem parte da exposição Yoyo: tudo que vai, volta, que está aberta ao público no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Com a curadoria de Ricardo Ribenboim, a mostra traz obras de artistas contemporâneos que exploram a linguagem da infância em seus processos artísticos.

 

 

Na entrada, o visitante depara-se com os curiosos “setamancos” (tamancos em forma de setas), da artista Lia Chaia. Crianças e adultos podem calçá-los e experimentar diferentes direções em seu passeio pelo ambiente. Outra obra que convida as crianças à interação é Campo de voo, de Franlink Cassaro. Ali, ventiladores que apontam para diversas direções dão vida a sacolas de plástico, que alçam voo pelas mãos das crianças.

“Essa foi a minha proposta para os artistas: pensar em projetos em que déssemos a liberdade de a criança vivenciar aquilo e entender a operação do artista”, explica o curador. Em parceria com a revista infantojuvenil Yoyo, idealizadora da exposição, convidou inclusive algumas crianças para conhecer os ateliês dos artistas participantes e entrevistá-los.

O resultado foi publicado em uma edição da revista, que é entregue aos visitantes da exposição junto a um caderno de observações. “O artista apresenta um produto final em uma exposição. Com essas visitas, a criança pode entender o que é o fazer artístico.” Além disso, o material escrito complementa o olhar da criança. Enquanto a mostra traz ao visitante o que ele chama de “educação do olhar” ou “educação dos sentidos”, a revista a introduz a uma “educação da leitura”, com atividades que podem ser realizadas a partir daquilo que foi feito pelos artistas.

Nas obras da exposição, não são poucas as menções a fenômenos da natureza: Onda vai, onda vem, de Sandra Cinto, propõe aos visitantes uma brincadeira que remete a um recurso do teatro antigo, o cenário com manivela. Ao girá-la, o enorme suporte de ondas movimenta-se, proporcionando uma experiência manual e visual. Já na série Deslumbres, o artista Dudi Maia Rosa fotografa nuvens e imagina quais imagens elas poderiam formar. Os desenhos com canetas dão vida às cenas que vão sendo criadas pelo artista.

 

 

Uma série de fotografias e canetas estão à disposição das crianças para que possam imaginar cenas e personagens a partir de suas próprias nuvens. Enquanto isso, a série Pendura sombras propõe a brincadeira de adivinhar sombras de objetos do cotidiano. Ali, a artista Regina Silveira também propõe que as crianças usem a imaginação para inventar objetos inusitados e como seriam as suas sombras.

 

 

Todas essas brincadeiras, claro, não deixam de lado a ideia inicial da exposição: iniciar a criança no universo da arte contemporânea com autonomia. “Em nenhum momento, pensamos em construir um playground, mas trazer um trabalho de um artista, que desenvolve aquilo com rigor do pensamento, para ser apresentado à criança. Tudo isso de uma forma que possibilite a ela interpretar por conta própria, sem precisar de uma muleta ou de um adulto para explicar alguma coisa.”

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Anote na agenda

Exposição Yoyo: tudo que vai, volta

Onde: Sesc Belenzinho (rua Padre Adelino, 1.000, Belenzinho, São Paulo)

Quando: até 22/7, de terça a domingo

Quanto: grátis

 

 

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