6 motivos que fazem as crianças amar os livros de Susane Strasser

20/01/2022

Susanne Strasser é o nome por trás de livros que fazem um sucesso enorme entre os leitores bem pequeninos – e entre os que já são maiores também. A alemã que nasceu em Erding e já teve seu trabalho exposto na prestigiada Bienal de Ilustração de Bratislava é a autora dos contos acumulativos Bem lá no alto, Muito cansado e bem acordado, Baleia na banheira e o lançamento A raposa vai de carro, todos fundamentais para a biblioteca de bebês e crianças pequenas.

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No novo livro, a autora e ilustradora põe em cena uma intrépida raposa que dirige um carrinho de equilíbrio, conduzindo com as patas. A cada virar de página, um novo bichinho pega carona no carro da raposa: o rato, a toupeira, o passarinho, a cobra, o besouro, o coelho... E a raposa nem dá trela! Eles vão aos trancos e barrancos, chacoalhando em pedregulhos, deslizando nas poças e até trombam com uma macieira, mas a raposa segue dirigindo, inabalável.

 

Mas o que faz os livros de Susanne Strasser tão populares entre as crianças?

 

1) Contos acumulativos

Todos os livros de Susanne que foram publicados no Brasil têm a estrutura de contos acumulativos, como Bem lá no alto e Baleia na banheira (que também são de repetição), ou de repetição, caso de Muito cansado e bem acordado (e que talvez pudéssemos chamar de conto de “subtração”) e A raposa vai de carro (que também é acumulativo na ilustração).

A ideia é simples: a estrutura textual se repete e é retomada, sempre trazendo mais um elemento para a ação central da narrativa. Em Bem lá no alto, por exemplo, o urso quer o bolo, mas o bolo está bem lá no alto e o urso está bem lá embaixo. Chega o porquinho e pula nas costas do urso, mas o bolo está bem lá no alto e o porquinho e o urso estão bem lá embaixo. Cada hora chega mais um bichinho nessa “torre” que tenta alcançar o bolo e, no fim, o texto cita todos eles.

 

Como já explicou a formadora de professores Edi Fonseca aqui mesmo no Blog, "os contos acumulativos fazem muito sucesso exatamente por terem uma estrutura fácil de memorizar. Essa estrutura do texto - com as frases que se repetem e a sequência - oferece a possibilidade de a criança pequena recontar essa história sozinha, mesmo sem saber ler. Ela se sente capaz, potente, apta para retomar a história sozinha”.

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2) Humor

Quem consegue segurar o riso quando vê que “a baleia, a tartaruga, o castor, o flamingo, o urso-polar, a criança e o navio estão na banheira”? Ou quando a baleia finalmente perde a paciência e põe todo mundo pra fora? Os livros da autora têm esse humor infantil um tanto pastelão que as crianças adoram, com a torre de bichos que cai, o carrinho da raposa que tromba com a árvore e todo mundo pulando da cama na hora de dormir. São cenas com as quais os pequenos se identificam com facilidade, porque fazem parte das suas brincadeiras, e acabam replicando em novas brincadeiras inspiradas pelos livros.

Traz também a representação de alguns momentos de famílias que têm crianças, com muita bagunça, muita gente e muitas falas repetidas que fazem até os adultos se identificarem e se divertirem. Por exemplo, quando todo mundo resolve fazer alguma coisa bem urgente justo na hora de dormir ou quando alguém quer só tomar um banho sozinho e demorado para relaxar, mas o momento é invadido por crianças e brinquedos?

 

3) Animais

Os quatro livros de Susane Strasser são habitados por uma fauna rica e muito diversa, que reúne urso-polar, flamingo, cobra, cachorro, foca, lagarta, coelho, baleia, raposa, galinha, sapo, todos em ambientes inusitados, como a cama ou a banheira – como só a imaginação de uma criança consegue costurar tão bem. Os pequenos adoram, e as expressões dos bichinhos também são irresistíveis, sempre fofas e engraçadas!

 

4) A criança

Para completar a turma que vai se aglomerando ao longo das histórias, sempre chega a criança num momento crucial: para levar o bolo bem lá pra baixo, onde os animais esperam; para terminar de lotar a banheira da baleia com seu brinquedo; para entrar na carona da raposa com seu skate. Ela sempre aparece no final e sempre tem a mesma carinha, o que garante uma bem-vinda e esperada repetição também entre os livros.

 

5) Onomatopeias

Os bebês e as crianças bem pequenas amam descobrir e imitar os sons que fazem parte de seu mundo, e aqui não faltam esses barulhinhos que, além de uma riqueza para a aquisição da linguagem, diversão garantida! E não são os sons que os bichos emitem, mas aqueles produzidos pelo bater de asas da galinha (flop-flop!), pelo pulo do sapo (póim!), pela foca quando anda pelo quarto (schlept, schlapt!) ou pelo carro da raposa (ta-tap, te-tep!), que integram a própria construção da narrativa. 

 

6) Detalhes

O passarinho que vai se aproximando devagarinho pelo fio e pega a cereja do bolo, as maçãs que os bichinhos que vão de carona com a raposa ganham quando a cobra se junta à turma (numa referência à cobra e à maçã da Criação), o patinho de borracha que acompanha a baleia no banho... Susanne Strasser finaliza suas histórias encantadoras com essas surpresinhas que as crianças curtem muito procurar e encontrar repetidas vezes!

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