Muito além de Papai Noel e suas renas

20/12/2017

 

Como o Grinch roubou o Natal, um clássico que conta a história de um bicho verde que odeia o feriado de fim de ano, já ficou conhecida em todo o mundo, depois de ser adaptada para TV, videogame e cinema, com o ator Jim Carrey como protagonista. O que nem todos sabem é que a história, publicada pela primeira vez em 1957 e lançada com nova tradução neste ano pela Companhia das Letrinhas, é uma das primeiras obras infantis a abordar o Natal para além de Papai Noel e suas renas.

A narrativa é uma crítica ao consumismo muitas vezes atrelado a essa data. Tanto que a personagem do Grinch (primeiro anti-herói de Dr. Seuss) é inspirado no próprio autor, que, assim como o protagonista de sua história, odiava o Natal. Em entrevista à revista Redbook em 1957, o escritor revelou que criou o personagem justamente para recuperar os bons sentimentos em relação ao período natalino.

 

 

Talvez seja por isso que Grinch não seja retratado propriamente como um vilão. Como analisa Áureo Lustosa Guérios Neto na tese "A poética de Dr. Seuss: um estudo de caso sobre a tradução na literatura infantil", da UFPR, o Grinch é marcado por traços que o humanizam, como justificativas para o seu ódio ao Natal (sua sensibilidade auditiva e a inveja em relação aos Quem, que comemoram o feriado em grandes ceias em família enquanto o protagonista passa a data sozinho) e a compaixão pela pequena Cindy-Lou, menina de apenas dois anos que aparece na história.

O escritor, que chegou a receber o prêmio Pulitzer em 1984 pela sua contribuição à literatura infantil, foi definido pela tradutora de suas obras no Brasil como "o popular da escola". A poeta Bruna Beber contou que, se uma criança brasileira lhe perguntasse quem ele era, ela o descreveria como "aquele amigo que te encanta e você quer ter por perto."

E ele realmente estava do lado das crianças, contando histórias de personagens com situações semelhantes a dos leitores. Seu primeiro livro, And to think that I saw it on Mulberry Street, foi rejeitado por mais de vinte editoras antes de a Vanguard Press finalmente decidir publicá-lo. O motivo: a obra “não respeitava as convenções da época, que ditavam como deveria ser uma história para crianças, e, consequentemente, as vendas seriam muito baixas", explica Áureo Lustosa em seu estudo.

Considerada na época como ferramenta disciplinatória às crianças, a literatura era tratada por Dr. Seuss como libertação. Por exemplo, um dos grandes sucessos do escritor, The cat in the hat (em português, O gatola de cartola), é a história de quando a mãe sai de casa, deixando seus filhos sozinhos em um dia de chuva. Tédio? Dr. Seuss mostra como a imaginação pode correr solta entre as crianças.                                  

Conheça abaixo outros livros pra lá de natalinos.

 

É dia de festa!

Um grupo de brincantes prepara uma festa de Natal. Daí inicia-se uma das peças mais tradicionais do teatro nordestino, o Baile do Menino Deus, escrita por Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima. Há anos uma plateia se reúne na véspera natalina em Recife para cantar, chorar e rir com essa história, repleta de canções que tratam do real significado do feriado.

Confira entrevista com um dos autores da obra.

 

 

Um milagre de Natal

Esta é uma história que fala de um pedacinho de carvão. Mas não é um pedacinho de carvão qualquer! Como a maioria das pessoas, acreditava em milagres. Decidiu, então, rolar do saco onde se encontravam os outros pedacinhos de carvão e foi em busca de seus sonhos. Afinal, nada é impossível na véspera de Natal, ainda mais quando a história é ilustrada por Brett Helquist e contada por Lemony Snicket, que, além de escrever O pedacinho de carvão, é autor da aclamada Desventuras em série.

 

 

Antes do merecido descanso

O Natal está chegando! E antes do merecido descanso, ainda há muito trabalho para o carteiro. Seu roteiro inclui figuras conhecidas, como O Lobo Mau, a Chapeuzinho Vermelho… E até o Homem-Biscoito está nessa. Que tal conferir as cartas entregues em O Natal do carteiro, de Janet e Allan Ahlberg? O livro inclui muitas surpresas, como jogos, pequenos livros (dentro do livro) e até uma carta sanfonada.

 

 

O mais maluco conto natalino

Quem diria que uma história tão maluca poderia surgir das preparações para a festa de Natal… Mas, afinal, qual a saída para os três porquinhos, que descobriram que iriam virar ceia? Com o simples intuito de sobreviver, o trio parte pelo mundo além da fazenda, vivendo aventuras como Os três mosqueteiros, personagens do livro que encontraram pelo caminho. Saiba mais sobre essa louca aventura em Outra vez os três porquinhos, com texto de Erico Veríssimo e ilustrações de Eva Funari.

 

 

O fantasma do Natal passado

A vida do velho Schrooge muda completamente quando ele visita sua vida passada e futura, guiada pelos três Espectros – o Fantasma dos Natais Passados, o Fantasma do Natal de Hoje e o Fantasma dos Natais Vindouros. O clássico Canção de Natal, escrito por Charles Dickens, com as ilustrações de Quentin Blake, reflete sobre mudanças e o sentido da vida nesse período. 

 

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