Como escolher a leitura de seus filhos?

13/09/2017

 

A mãe é uma figura importante para a criação de um leitor. Ao menos é o que demonstra a pesquisa Retratos da Leitura, realizada pelo Instituto Pró-Livro. Segundo dados de 2016, 11% dos leitores apontaram a figura materna como principal influenciadora pelo gosto pela leitura.

Sabendo disso, o clube de leitores A Taba criou um grupo de estudos com mães engajadas, em geral blogueiras ou educadoras, de cidades espalhadas pelo Brasil (Rondônia, Salvador, Campinas, Curitiba, Rio de Janeiro, Campo Grande, Santo André e São Paulo). Os encontros são realizados via hangout e mediados por diferentes especialistas, como explica Denise Guilherme, especialista em leitura para a infância e literatura infantil, criadora de A Taba.

 

Ilustração Marcelo Tolentino

 

A ideia é de troca, um compartilhamento de repertório entre os especialistas da Taba e das mães, grandes influenciadoras digitais, mas que nem sempre têm a oportunidade de se aprofundar no tema. É claro que a participação nos encontros nem sempre são fáceis para elas, que normalmente têm uma rotina intensa para cuidar dos filhos. “Têm sido um espaço para compartilhar olhares, dúvidas e repertórios, já que as formações são diversas e os modos de construir a suas percepções sobre as leituras também”, diz Denise.

Além disso, cada parte reconhece a sua importância: boas experiências de leitura aproximam as pessoas e, no mundo digital, os influenciadores exercem um papel fundamental. Nesse sentido, as mães influenciam em dobro seus filhos: on e offline. “Isso aproxima, conecta e possibilita que muitos adultos possam se identificar e, a partir daí, construir sua própria relação com os livros e a leitura”, explica.

Em sua maioria, as participantes já eram leitoras, e apenas aprofundaram essa relação com os livros ao terem filhos. É o caso de Maria Amélia, autora do Blog do Livrinho, que diz ter sempre uma pilha de livros em seu criado-mudo. “Os livros sempre fizeram parte da minha vida, então ler com meus filhos foi algo muito natural.”

Já Jéssica, do blog  Mãegnífica, seguiu um caminho não tão incomum no mundo dos leitores. Lia de forma assídua durante a infância, mas perdeu o hábito durante a adolescência. Retomada a paixão, a preocupação é que ela se espalhe cada vez mais. “Com certeza o meu histórico e, principalmente, minhas experiências com a leitura me motivam, não apenas como mãe mas como leitora, a incentivar o Lucca (meu filho) a ter esse apreço pela literatura”, afirma. “Os livros permitem que a criança crie, invente, mude, edite as histórias com a imaginação. Junto com os pais, essa brincadeira se torna muito divertida, mas nada que proíba a criança de fazê-la sozinha.”

Quando o assunto é a escolha dos títulos, elas concordam que, nessa fase, o que vale é experimentar. “Até para, além de criar o hábito, criar o gosto dela, os interesses, opiniões”, explica Andrea, do blog Coisas da Lara. É claro, há ressalvas, como mesmo faz Raquel, da página Mamãe Cool: “Acredito que toda leitura é válida, sim, mas quanto maior a qualidade literária, melhor para o desenvolvimento leitor da criança.”

Nesse momento de descoberta, muitas tentam evitar as proibições a temas e formatos, como explica Luciana, do blog Leitura Infantil – Isso muda o mundo: “Estou aprendendo com os meus filhos, estou descobrindo o universo da literatura infantil. Até o exato momento não tive uma experiência de leitura em que achasse proibido para eles.”

Já Maria Amélia faz algumas considerações: “Evito ao máximo livros de personagens, livros com mensagens preconceituosas e com erros gramaticais. Mas não temos assunto proibido”. Uma boa pesquisa é sempre bem-vinda, dizem as mães leitoras. “Para comprar pela internet, pesquiso imagens por dentro do livro e opiniões de outros leitores. Também busco informações sobre o autor, caso não o conheça ainda. Já na livraria física, eu simplesmente folheio a obra”, conta Raquel.

As reuniões têm lhes dado suporte para criar um ambiente leitor aos seus filhos, o que também depende muito dos hábitos leitores dos próprios pais. “Desde bebê leio para ela. E deixo que me veja lendo. O quarto dela é uma biblioteca, tem mais de 300 livros, perdi a conta. Arrumados? Nunca ficam. Ela vira, revira, procura, acha. Também tenho livros pela casa. No banheiro, por exemplo. Ajudou muito no desfralde. E levo na bolsa, sempre”, conta Andrea sobre como incentiva o hábito da leitura em sua filha Lara.

Para Jéssica, do Mãegnífica, os encontros online ajudam a superar o “achismo” que muitas vezes ronda portais pela internet. “Os temas são variados, mas todos dentro da literatura infantil, o que me ajuda a entender melhor esse universo e a ajudar meu filho nesse processo de leitura.”

 

 

 

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